terça-feira, 25 de agosto de 2015

Navalha na carne

Não, hoje não vamos falar do filme nacional que tem Vera Fisher como protagonista e que é baseado na peça teatral do escritor santista Plínio Marcos. O título se refere as novas medidas anunciadas pela presidenta Dilma Rousseff na última segunda-feira (24), em entrevista aos três principais jornais do país (O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo), no Palácio do Planalto, para contenção de gastos por parte do Governo Federal. Sim caros leitores, finalmente ela admitiu os erros de avaliação da crise econômica, aos menos em partes segundo Mirian Leitão, e anunciou cortes no Executivo. Inicialmente fala-se em cortar dez ministérios e, até setembro, cerca de 1 mil dos 22,5 mil cargos comissionados, além de acabar com secretarias ministeriais que se sobreponham. Dilma disse ainda que os serviços de limpeza e manutenção têm que custar menos e que imóveis que não estejam sendo utilizados serão colocados a venda.

A Presidenta não quis antecipar quais dos atuais 39 Ministérios serão extintos ou absorvidos, "não posso dizer quem é que está marcado para morrer porque não tenho certeza, primeiro, se vai morrer". Dilma ainda afirmou que os objetivos são: Melhorar a gestão e detectar sobreposições de cargos. Quando questionada se o Partido dos Trabalhadores (PT) será poupado nesta reforma afirmou "Óbvio que não, querida. Não é por partido. O critério não pode ser o PT será preservado e todos os outros... Não será isso." Também não foi revelado quanto o governo pretende economizar com a reforma no executivo. “Sobre o valor, nós não temos um número. A ideia é combinar todos esses processos que já estão acontecendo de modo individualizado, em uma iniciativa comum de melhoria de gestão”, afirma o ministro do Planejamento Nelson Barbosa.

Apesar de ser um passo importante rumo a recuperação econômica, o pacote de medidas não parece ser a solução dos problemas. Ao analisar as medidas, Gil Castelo Branco, representante da ONG Contas Abertas, que acompanha os gastos públicos, comentou que “precisamos fazer com que a máquina funcione e com esse tamanho gigantesco, a máquina não tem funcionalidade. Acho que este choque é necessário e não é apenas se cortando dez ministérios não, acho que se pode cortar esses ministérios pela metade, que nós vamos continuar a funcionar”. Até mesmo representantes do PT fizeram ressalvas ao pacote,  “acho que é uma boa decisão, embora todos nós saibamos que ela tem muito mais um conteúdo simbólico do que de realmente gerar mais recursos para o Estado”, foram as palavras do senador Humberto Costa do PT de Pernambuco.

Como ficar o PMDB com a reforma ministerial?


No mesmo dia em que Dilma anunciou a reforma ministerial tão cobrada pela oposição, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), se pronunciou dizendo que diminuirá sua participação na articulação política do governo, se dedicando, a partir de agora, apenas as negociações de votações fundamentais ao governo. Sobre o assunto a presidenta disse que Temer tem sido de extrema lealdade e o resultado da primeira fase de sua articulação foi um sucesso.

Mas a pergunta que fica é se essa diminuição na participação do vice-presidente, as vésperas da reforma ministerial, somada a recente mudança de postura do presidente da Câmara dos deputados Eduardo Cunha também do PMDB que, após ser incluído nas investigações da Operação Lava Jato, passou a se declarar oposição ao governo, não prejudicará o partido.

Dos atuais 39 ministérios, o PMDB está a frente de de seis. Secretaria de Portos com Edinho Araújo, Minas e Energia com Eduardo Braga, Secretaria da Aviação Civil com Eliseu Padilha, Pesca e Aquicultura com Helder Barbalho, Turismo com Henrique Eduardo Alves e Agricultura, Pecuária e Abastecimento com Kátia Abreu. Desde o fim da Ditadura Militar, secretarias e ministérios são uma espécie de "moeda de troca" na composição de alianças políticas no Brasil, com esse afastamento prévio do PMDB em relação ao governo e a perda de força do PT na Câmara, será necessário que Dilma repense também as alianças e quais partidos serão beneficiados ou prejudicados  pela reforma.

Por: Armando Cândido

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